sábado, 31 de janeiro de 2015

Era um domingo assim...


Era um domingo. Um desses dias chatos, em que não tem absolutamente nada para fazer, onde você fica no seu quarto praticamente o dia todo, olha para as paredes e para o teto e começa a pensar em quão deprimente será a segunda-feira.
Era um domingo assim, eu já tinha me preparado para assistir uma secessão de filmes do Harry Potter, trancada no meu quarto e tomando chocolate quente.
Esses eram meus planos para aquele chato e insuportável domingo.
O telefone tocou, minha amiga me chamando desesperada para sair, eu não estava nenhum pouco afim, queria curtir sozinha a minha melancolia de domingo. Mas, ela insistiu, insistiu tanto que acabei cedendo, terminei meu chocolate quente e fechei o notebook, assistir pela milésima vez os filmes de Harry Potter teria que ficar para outro dia, quem sabe para o próximo domingo?
Eu me troquei, sem vontade nenhuma. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto e  meio frouxo, coloquei o primeiro shorts que vi pela frente e minha camiseta preta preferida, calcei meu coturno preto e coloquei uma jaqueta vermelha de coura por cima. Passei lápis nos olhos, rímel e um vibrante batom vermelho nos lábios.
Pronto, estava pronta. Minutos depois minha amiga chegou e fomos juntas para o passeio que ela estava tão empolgada.
Chegando lá me deparei com três garotos. O primeiro era um amigo meu, eu o conhecia há anos, minha amiga e ele resolveram estar juntos, de uns dias para cá, tudo muito confuso, mas aceitável. Eles sempre formaram um casal lindo, desses  de contos de fadas.
O segundo garoto era simples, estava em pé, conversando com umas criancinhas que estavam brincando por perto e querendo ajuda em alguma coisa.
E o terceiro garoto, bom o terceiro garoto era singular, tinha uma aura tranquila e ao mesmo tempo vibrante, ele estava sentado no chão, com seu violão no colo e cantando baixinho alguma música, que não reconheci de imediato qual era.
Quando chegamos mais perto, minha amiga foi me apresentando os meninos que eu ainda não conhecia, o segundo menino era doce, desses que te faz sentir bem só por estar no mesmo ambiente que o seu, tive a impressão que eu poderia passar horas conversando com aquele menino sem me cansar.
O terceiro menino era diferente, ele olhou para cima e me encarou com seus olhos verdes brilhantes, eu tinha certeza de que podia ver sua alma através de seus olhos, ele me encarou pelo que pareceu bastante tempo, tempo suficiente para me fazer corar.
Ele me deu um sorriso, achando graça disso.
Foi tudo bem descontraído, o menino de olhos brilhantes tocava violão e cantava, sua voz era a coisa mais bonita e harmoniosa que eu já tinha ouvido. Era tão tranquila, baixa, sem nenhum exagero, era natural, uma voz que você não consegue parar de ouvir, que fica ecoando na nossa mente por horas, dias.
Droga, não posso gostar tanto assim dessa voz.
Já estava escurecendo quando o segundo menino disse precisava ir embora, pois havia pegado emprestado o carro de sua mãe, e ela precisaria dele em alguns minutos. Ele se despediu e perguntou se o terceiro menino não iria com ele, já que eram vizinhos e haviam ido juntos até lá. O menino com os olhos mais verdes que eu já vi, me fitou por um breve instante e falou que queria ficar mais um pouco, que depois iria de ônibus ou de qualquer outra coisa.
Aquilo fez meu coração palpitar, o porquê disso eu também não sei.
Ficamos mais um tempo daquele jeito ouvindo música, conversando sobre alguma coisa aleatória e insignificante
O sol já estava começando a se pôr. Minha amiga e meu amigo começaram a se beijar, enquanto eu continuava sentada olhando para o pôr do Sol, o terceiro menino me olhava com  intensidade e me chamou para perto dele, eu não cogitei e nem pensei duas vezes e fui para o seu lado, ele me pegou pela cintura e me abraçou de lado e comentou sobre como o pôr do sol era lindo.
Antes que eu pudesse pensar em qualquer outra coisa, eu estava envolvida em um beijo quente, demorado, e tinha suas mãos envolvendo firmemente a minha cintura.
Naquele momento, eu não pensava em nada, só em que eu não queria que aquele momento acabasse, queria continuar daquele jeito para sempre. Estava tão bom.
Quando nos soltamos, sem fôlego, percebemos que o outro casal havia nos dado privacidade e já estavam bem longe, andamos mais um pouco, ambos ainda com o coração acelerado. Ele me jogou contra uma parede e começamos uma nova sucessão de beijos e carinhos. Cara, ele tinha pegada. E como tinha.
Suas mãos eram firmes, rápidas e gentis ao mesmo tempo, explorava cada parte do meu corpo.
Minutos depois minha amiga nos encontrou, sua mãe havia ligado avisando que chegaria em breve para nos buscar, sem vontade nenhuma eu me despedi daquele príncipe de olhos verdes, dei-lhe um último beijo bem demorado e soltei-o.
Vi que ele sorria, com aqueles dentes brancos e perfeitos, que pareciam que tinham acabado de sair de um comercial da Colgate.
Entrei no carro, ainda eufórica.
Cheguei em casa e deitei na cama. Pela primeira vez, o domingo não era um dia chato, pela primeira vez eu queria que um domingo não acabasse.
Era um domingo. Um desses dias que tem tudo para ser chato, mas que te surpreende e se transforma em fantástico. Era um domingo assim.

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